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O olho do dono: como visitar as trincheiras de seu negócio pode evitar prejuízos de várias proporções

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Jonathan Mazon

Passada a primeira metade do exercício social, pode ser um bom momento para os sócios ou os Conselhos de Administração, por meio de seus órgãos de assessoramento como os comitês de auditoria, avaliarem o clima interno em suas organizações, inclusive em relação a temas de ética, governança, gestão de riscos e conformidade.

Em seu livro “The Seven Signs of Ethical Collapse: How to Spot Moral Meltdowns in Companies… Before It’s Too Late“, a autora Marianne Jennings comenta de forma bem-humorada um modismo lançado pelos gurus da administração de empresas na década de 1980, conhecido pela sigla inglesa MBWA, management by walking around ou, gerenciamento andando por aí. Na visão da autora, o ato de circular pela organização e ter uma visão em primeira pessoa das operações e dos colaboradores pode ser uma ótima forma de vivenciar e tornar mais palpáveis as informações resumidas pelos executivos em suas apresentações, e a aplicação prática das políticas e procedimentos elaborados por suas equipes jurídicas.

A lição trazida por Marianne Jennings teria evitado grandes problemas enfrentados por companhias brasileiras – mesmo as que contavam com governança corporativa tida como exemplo para outras empresas. Na Sadia, por exemplo, a visita do comitê de auditoria ao departamento financeiro para entender melhor como eram controlados os riscos das posições em derivativos da organização, poderia ter levado a empresa a um desfecho diferente do que teve em 2008.

Olhando para as soluções que a governança pode dar para o presente e o futuro, os órgãos de assessoramento ao Conselho de Administração da Vale, por exemplo, atualmente têm em suas mãos a oportunidade de examinar em primeira mão como a companhia tem assimilado os aprendizados com Mariana (2015) e Brumadinho (2019). Desde o início de 2019, o Conselho da companhia conta com um comitê específico com a responsabilidade de analisar as condições de segurança das barragens, examinar os planos de ação propostos, monitorar a implantação desses planos de ação e informar o Conselho a respeito.

Nos negócios de qualquer porte, ao visitarem as trincheiras da organização e fazerem essa avaliação no “chão-de-fábrica”, os sócios ou os assessores do Conselho terão a oportunidade de desenvolver uma visão qualitativa dos temas mais sensíveis para aquela atividade. Seja em função do seu setor de atuação, como as condições de trabalho, ou do ambiente de negócios naquele momento, como a implementação da LGPD, essa visão mais completa da organização fortalece os órgãos de governança e os torna menos suscetíveis a miopias com relação a temas importantes sob sua supervisão.

Empreendedores ou membros de comitês de auditoria experientes no setor de atuação da empresa são capazes de identificar as áreas mais críticas a se monitorar de forma mais detalhada e, ao combinarem essa experiência com a visão de suas equipes de auditoria interna e jurídicas, poderão realizar essa missão de forma focada e eficiente.

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