Por Jonathan Mazon
Embora o susto inicial da Covid-19 tenha interrompido a maior parte das negociações de M&A em andamento no Brasil naquele momento, dados do relatório trimestral do TTR indicam que o número de operações desse primeiro trimestre (incluindo M&A, compra de ativos, private equity e venture capital) permaneceu praticamente estável em comparação com o mesmo período em 2020, sendo que os valores movimentados aumentaram em 263%. Muitas negociações que estavam em seus estágios finais foram pausadas ou até canceladas, como a operação Boeing-Embraer. O que percebíamos é que os investidores reavaliavam se as aquisições pretendidas ainda faziam sentido nesse novo contexto, bem como se haveriam recursos para seguir com as operações. Hoje o cenário é outro. As recentes notícias envolvendo o setor de moda no Brasil, tais como a oferta da Arezzo&Co pela Cia. Hering e a bilionária oferta de ações e em preparação pelas Lojas Renner indicam que o mercado local de M&A reaqueceu e os negócios voltaram a fluir.
O momento atual tem sido considerado, até agora, como uma fase que não pode ser desperdiçada por quem quer fazer este tipo de negócio, principalmente se os alvos forem empresas brasileiras atingidas pela pandemia, já que estas precisam de capital adicional para enfrentar a crise. Outro pronto é a recente desvalorização do Real em relação ao Dólar norte-americano. Esse é outro fator que mantém as perspectivas de aquisições no Brasil atraentes para investidores estrangeiros. Segundo o mesmo relatório do TTR, tanto o número de aquisições (44 de 69) quanto o seu valor total (R$43Bi de R$47Bi) indicam que a esmagadora maioria dessas operações têm sido feitas por empresas norte-americanas.
Mas não são só negócios atingidos pela pandemia que estão sendo procurados pelo mercado local de M&A. As empresas que obtiveram lucros nesse período também têm sido procuradas por investidores estrangeiros, o que pode indicar uma segunda onda de transações, como já apontavam os principais indicadores econômicos no final do ano passado.
Comprar e vender
Aos empreendedores brasileiros que consideram vender seus negócios para estrangeiros, recomendamos a concentração de esforços na explicação para os compradores de todas as particularidades da legislação brasileira e dos aspectos regulatórios locais. Além disso, fazer o dever de casa com relação à auditoria (due dilligence) poderá evitar surpresas e atrasos nas negociações e no desenho da operação. Essa será uma importante oportunidade para liquidar dívidas e mitigar riscos, bem como adotar estruturas mais eficientes e simplificadas que ajudam a maximizar o valor do negócio.
Do ponto de vista do comprador, a due dilligence é fundamental para mapear riscos, bem como passivos tributários e trabalhistas. No Brasil, principalmente as questões tributárias são bastante complexas, além de a legislação trabalhista ser também desafiadora. Finalmente, para alguns setores, questões regulatórias também podem ser vitais à operação.
Contar com a experiência de assessores jurídicos bem informados, capazes de trabalhar e dialogar com os representantes de todas as partes envolvidas é um fator crítico para uma operação de M&A bem-sucedida. Conte com nossa experiência para isso.
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